Mais de 50 tipos de doenças estão relacionados ao uso do fumo, entre elas o câncer, infarto e doenças respiratórias obstrutivas crônicas.
No Dia Nacional de Enfrentamento ao Fumo, comemorado nesta terça-feira (29/08), a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) busca conscientizar, sensibilizar e mobilizar a população sobre os riscos causados à saúde pelo uso do tabaco. O cigarro, uns dos derivados do tabaco, é uma droga que possui em sua composição mais de 4.700 substâncias tóxicas, entre elas a nicotina, substância psicoativa que causa dependência.
A Pesquisa Nacional de Saúde em Minas Gerais apontou que 17,8% dos fumantes atuais de tabaco têm a idade de 18 anos ou mais. A proporção de pessoas acima de 18 anos de idade não fumantes, expostos ao fumo passivo é de 20,4% no local de trabalho e 12,5% em casa.
Segundo a referência técnica de Tabagismo da SES-MG, Nayara Resende Pena, a fumaça produzida pelo cigarro prejudica até mesmo quem não fuma e os coloca na condição de tabagistas passivos. “O uso do cigarro prejudica não só a pessoa que fuma, mas as que estão em volta também, incluindo crianças que têm pais ou responsáveis que fumam dentro de casa, aumentando o risco de câncer de pulmão, infarto e doenças respiratórias em todas essas pessoas”, explicou.
Um estudo da Organização Mundial de Saúde (OMS), que envolveu 700 milhões de crianças em todo o mundo que vivem com fumantes em casa, apontou um aumento na incidência de doenças como a pneumonia, bronquite, exacerbação de asma, infecções do ouvido médio, síndrome da morte súbita infantil, além de uma maior probabilidade de desenvolvimento de doença cardiovascular na idade adulta.
De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), o tabagismo é o principal fator de risco evitável de adoecimento e morte no mundo. Várias doenças estão relacionadas ao uso de derivados do tabaco, entre elas as cardiovasculares (infarto, angina), doenças respiratórias obstrutivas crônicas (enfisema e bronquite) e vários tipos de câncer (pulmão, cavidade oral, laringe, faringe, esôfago, estômago, pâncreas, fígado, rim, bexiga, colo do útero e leucemias) e é responsável por cerca de 30% das mortes por câncer. Estima-se que, no Brasil, a cada ano, 200 mil pessoas morram precocemente devido às doenças causadas pelo tabagismo.
Em Minas Gerais cerca de 700 municípios ofertam o tratamento ao tabagismo pelo Sistema Único de Saúde (SUS), prioritariamente nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) que possuem profissionais de saúde capacitados, materiais de apoio e medicamentos gratuitos. Clique aqui e confira a listagem dos Serviços de Tratamento do Tabagismo em Minas Gerais, segundo o Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde.
Tratamento
O usuário, que demonstre interesse em parar de fumar, deve procurar a Secretaria Municipal de Saúde para ser informado sobre os serviços de saúde que ofertam o tratamento. O tratamento é realizado por profissionais de saúde capacitados e é composto por uma avaliação individual, onde o usuário será avaliado quanto às principais doenças e fatores de risco relacionados ao tabagismo, o grau de dependência ao cigarro, seu estágio de motivação para a cessação do tabagismo e seu encaminhamento para o tratamento.
Segundo a referência técnica de Tabagismo da SES-MG, Nayara Resende Pena, o modelo de tratamento é baseado em uma abordagem cognitivo-comportamental. “O usuário, que passou pela avaliação, é encaminhado para participar do tratamento por meio de consultas individuais ou sessões de grupo de apoio, onde são fornecidos manuais com informações sobre cada uma das sessões, e quando necessário há fornecimento de medicamento. Inicialmente os encontros são semanais, em 4 sessões. Após esse período, as reuniões de manutenção passam a ser promovidas com espaços de tempo maiores para evitar recaída, até completar de 6 a 12 meses de tratamento”.
Ainda de acordo com a Referência Técnica, para os casos em que há a necessidade de tratamento medicamentoso, o paciente recebe os adesivos e goma de nicotina para aliviar os sintomas de abstinência, quebrando o comportamento de consumo de cigarros relacionado à dependência física. “A dose da reposição leva em consideração o grau de dependência de nicotina e, principalmente, no consumo diário de cigarros do usuário. Quando o tabagista para de fumar inicia-se o uso da Terapia de Reposição de Nicotina (TRN) que é gradativamente reduzida nas semanas seguintes, uma vez que os sintomas de abstinência tendem a diminuir, até cessar o uso da medicação”, explicou.
De abril a junho de 2017, cerca de 10.792 tabagistas foram atendidos em 782 serviços de saúde do Estado. Desse total, 7.732 tabagistas pararam de fumar.
Benefícios
Parar de fumar, em qualquer momento da vida, traz muitos benefícios à saúde e melhora da qualidade de vida. Quanto mais cedo parar de fumar, menor será o risco de adoecimento. Veja o que acontece quando a pessoa para de fumar:
- Após 20 minutos: a pressão sanguínea e a pulsação voltam ao normal.
- Após 2 horas: não há mais nicotina circulando no sangue.
- Após 8 horas: o nível de oxigênio no sangue se normaliza.
- Após 12 a 24 horas: os pulmões já funcionam melhor.
- Após 2 dias: o olfato já percebe melhor os cheiros e o paladar já degusta melhor a comida.
- Após 3 semanas, a respiração se torna mais fácil e a circulação melhora.
- Após 1 ano, o risco de morte por infarto do miocárdio é reduzido à metade.
- Após 10 anos, o risco de sofrer infarto será igual ao das pessoas que nunca fumaram.