Em 2018, apenas 67% do público prioritário recebeu a 3ª dose da vacina e 54% receberam a dose do 1º reforço. A imunização durante a infância é a única forma de manter a doença erradicada.
Considerando a divulgação recente de um caso suspeito de pólio em uma criança Venezuelana de etnia indígena e considerando que a Venezuela e o Brasil fazem fronteira, havendo uma intensa migração de pessoas entre os países e que há baixas coberturas vacinais contra a Poliomielite, a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG)destaca a importância da vacinação e alerta sobre os cuidados para prevenção da doença.
A Poliomielite, também conhecida como paralisia infantil, é uma doença infecciosa, altamente contagiosa, provocada pelo poliovírus e afeta várias pessoas em todo o mundo. Apesar da doença não ser registrada no país desde 1990, a referência técnica estadual de Poliomielite da SES-MG, Fernanda da Silva Barbosa, salienta que enquanto houver circulação do vírus, vacinal ou selvagem, em qualquer outro país há risco de reintrodução da pólio em nosso território.
“Apesar da doença está erradicada no Brasil, ela ainda é presente em países da África, Ásia e Oriente Médio. A imunização contra a pólio é a responsável por manter a eliminação da doença no país. A vacina é segura, altamente eficaz, quando o esquema vacinal é feito de forma completa, e está disponível em toda a rede pública de saúde do Estado”, reforçou.
Ações do Governo
Diante do caso notificado na Venezuela, o Governo de Minas Gerais reforçou as ações para manter erradicada a doença no Estado por meio do Sistema Único de Saúde (SUS). Entre elas estão o fortalecimento das atividades de imunização nas faixas etárias preconizadas pelo Calendário Nacional de Vacinação (crianças menores de 5 anos); Alcançar 95% de cobertura para Vacina Inativada contra Poliomielite (VIP) e Vacina Oral contra Poliomielite (VOP) nas faixas etárias preconizadas e também coberturas homogêneas; Manter a vigilância epidemiológica de alta qualidade; Notificar os casos suspeitos imediatamente; Orientar a população a buscar uma unidade de saúde no caso de aparecimento dos sintomas, entre outras ações.
Cobertura Vacinal
Desde de 2016, o Programa Nacional de Imunização (PNI) adota a Vacina Inativa da Poliomielite (VIP) para as três primeiras doses, aplicadas aos 2, 4 e 6 meses de idade. E para as duas doses de reforço, em crianças de 15 meses e quatro anos de idade, a vacina utilizada é a Vacinal Oral da Poliomielite (VOP).
Em Minas, a cobertura vacinal geral contra a doença em 2017 foi de 83% em crianças menores de um ano e 74% para o reforço em crianças maiores de um ano. Em 2018, até o mês de maio, 67% do público prioritário recebeu a 3ª dose da vacina e 54% das crianças maiores de um ano receberam a dose do reforço.
A cobertura vacinal acumulada contra a poliomielite só foi alcançada para a terceira dose, aos três anos de idade, e para o primeiro reforço, em crianças de quatro anos. As demais idades ficaram abaixo da meta, que é 95% do público alvo vacinado. O público prioritário a ser vacinado no Estado, nesse ano, é de 253.480 pessoas.
Poliomielite
A Pólio é causada pelo polivírus que, em contato com o corpo humano, multiplica-se no intestino podendo invadir o sistema nervoso central, levando a perda de massa muscular e causando paralisia. A transmissão pode ocorrer de pessoa para pessoa, por meio de alimentos e água contaminados ou pelo contato com gotículas de secreções como ao falar, tossir e espirrar. A principal forma de prevenção se dá pela vacinação.
Mas como o vírus é transmitido principalmente pela via oral e por meio da água e alimentos contaminados, outras medidas que podem evitar a reintrodução e proliferação do vírus são: tomar medidas adequadas de higiene, como utilizar água filtrada para o consumo, higienizar sempre os alimentos antes do preparo, verificar se utensílios de mesa e cozinha estão limpos antes de usá-los, lavar sempre as mãos antes das refeições e depois de utilizar o banheiro. “Também é importante desenvolver na criança pequenos hábitos saudáveis de higiene, como lavar as mãos antes da refeições, só beber água tratada, por exemplo”, explica Fernanda Barbosa. Essas medidas ajudam a evitar a proliferação do vírus, mas não são tão eficientes quanto a vacina, que é a melhor maneira para evitar a Poliomelite.
A doença, na maioria dos casos, não leva a óbito, mas causa sérias lesões que afetam o sistema nervoso, provocando paralisia irreversível, principalmente nos membros inferiores. A doença pode ser fatal se forem infectadas as células dos centros nervosos que controlam os músculos respiratórios e da deglutição.
Variações do Vírus
A Pólio pode ser provocada por dois tipos de vírus, o selvagem (que está em circulação em alguns países da África, Ásia e Oriente Médio) e o Vacinal, que é o tipo identificado no caso da criança venezuelana, citada no início da matéria. Segundo Fernanda da Silva Barbosa, o vírus vacinal é derivado da reversão do vírus vivo atenuado, utilizado na vacina oral contra a doença, dentro do intestino e acomete pessoas não vacinadas.
“Ao tomar a vacina oral, os vírus vivos atenuados, contidos na VOP, se replicam no intestino e são excretados por mais de seis semanas. Durante a replicação da vacina, em casos raros, esses vírus podem sofrer mutações e readquirir suas propriedades virulentas. Se esses vírus derivados do poliovírus vacinais circularem em comunidades com baixa cobertura vacinal, podem infectar pessoas não vacinadas e causar paralisia semelhante a causada pelo vírus selvagem, possibilitando o surgimento da doença sem reintrodução”, esclareceu Fernanda.
- Para saber mais informações, acesse o site: www.saude.mg.gov.br/vacinacao
SSEMG