Os jovens responsáveis pela morte de oito pessoas, em Suzano, participavam de um fórum na “deep web” ou “dark net”, que incita pratica de violência e outros crimes.
Os “chans”, fóruns criados na internet com o intuito de incitar violência e práticas de outros crimes, voltaram a ser discutidos nesta quinta-feira (15), após a tragédia em Suzano, no estado de São Paulo.
Guilherme Monteiro, de 17 anos, e Luiz Henrique de Castro, de 25, que participaram do atentado contra a Escola Estadual Raul Brasil, eram integrantes do Dogolachan.
Em uma mensagem divulgada na internet, um dos jovens agradece a seu mentor, identificado como D.P.R, pelas orientações recebidas para praticar o crime. No fórum, os autores do atentado são tratados como heróis.
A mestre em Direito Processual e advogada criminalista Jessica Gonçalves da Silva explica que existem medidas jurídicas para coibir a pratica deste crime. “Existem medidas jurídicas que podem e devem ser tomadas dentro desses grupos, desses “chans”, desses espaços na internet, na tentativa de se coibir novas práticas. É uma conduta típica, você incitar a prática de crimes (…) Esse ato de você fazer surgir na mente do agente o desejo de praticar o crime, isso também é crime”, disse.
Os “chans” são acessíveis apenas na “dark net” ou “deep web”, páginas que geralmente não podem ser localizadas pelo Google. Neste ambiente, os integrantes incitam diversos crimes como racismo, homofobia e misoginia, como explica o web designer Daniel Lopes. “O pessoal gosta muito de comparar com um iceberg, aquela parte que fica de fora do mar acaba sendo a parte normal da internet que nós acessamos, e aquela que fica pra baixo do mar é chamada de deep web, que é muito maior do a que parte externa. Lá também à venda de armas, drogas, pornografia infantil (…) Até pouco tempo atrás, a gente não sabe se é verdade, mas eram vendidos órgãos humanos e até pessoas como escravos “, explica.
A tragédia também levanta discussões sobre a importância de os pais observarem seus filhos principalmente na internet.” Existem alguns softwares que você pode instalar em seu computador ou no celular, para estar monitorando as atividades do seu filho naquele computador”, destaca Daniel. Porém, existem formas de burlar isto. Conforme ressalta Daniel, o melhor a se fazer é ficar próximo da criança e tentar acompanhar de perto o que ele acessa na internet.
Ameaça em Minas
Nesta quinta-feira, um estudante de direito, de 18 anos, foi preso após ameaçar fazer o mesmo em uma escola de Manhuaçu, na Zona da Mata mineira. Na mensagem postada na internet, ele afirma que deveria ter matado todas as pessoas que odeia na Escola Ana Mendes Pereira Dutra, mas precisaria de um caminhão de munição. O jovem ainda parabenizou os envolvidos no atentado em Suzano.
A/M