Durante a Feijoada do Cruzeiro, realizada no sábado no Barro Preto, o presidente do clube, Wagner Pires de Sá, aproveitou a música “Bagaço da laranja”, de Zeca Pagodinho, que estava sendo tocada por uma banda, para fazer uma associação com a situação atual da Raposa.
Em um vídeo que circula nas redes sociais, o mandatário cruzeirense assume o microfone durante a canção para dizer:
“Essa música, essa música é efetivamente essa situação do Cruzeiro. Eu fiquei com a mamucha (sinônimo de bagaço) da laranja. Sobrou pra mim”.
Após o vocalista perguntar se o bagaço da laranja havia mesmo ficado com Wagner Pires de Sá, o presidente disse que seus antecessores assumiram o posto para se enriquecerem às custas do Cruzeiro, segundo Wagner, o oposto do que acontecia com ele:
Procurada, a diretoria de comunicação do clube não se manifestou sobre a declaração do presidente.
No fim de maio deste ano, a TV Globo teve acesso a documentos internos do clube que revelam transações irregulares e uso de empresas de fachada para ocultar crimes. No fim de 2018, a Polícia Civil abriu inquérito para apurar irregularidades no clube. O inquérito se baseia em um balancete contábil analítico, que demonstra pagamentos feitos pelo Cruzeiro no decorrer do ano passado, ao qual o Fantástico também teve acesso.
A reportagem foi além e conseguiu quase 200 páginas de contratos e planilhas de controle interno. Há evidências de que a diretoria cruzeirense quebrou regras da Fifa e da CBF, no âmbito do futebol, e do governo federal, por meio do Profut (programa de renegociação de dívidas fiscais com clubes).
O caso mais grave entre os investigados é o contrato de mútuo, um empréstimo, assinado pelo Cruzeiro com um empresário chamado Cristiano Richard dos Santos Machado. Sócio de firmas de locação de veículos e equipamentos para proteção individual, ele não tem atuação no futebol. Ou não tinha. Em 1º de março de 2018, o empresário assinou contrato no qual formalizou um empréstimo de R$ 2 milhões para o Cruzeiro. A quantia deveria ser paga em duas parcelas mensais.
No mês seguinte, o clube alegou que não tinha condições financeiras para quitar o empréstimo e aceitou findar a dívida entregando ao empresário percentuais sobre os direitos econômicos de dez jogadores do elenco profissional e das categorias de base. Entre eles estava Estevão William, de 12 anos. Curioso é que, pela idade, ele não tem qualquer tipo de vínculo com o Cruzeiro.
GIRO DE NOTÍCIAS / AM