Por causa da pandemia, queda em alguns estoques de Banco de Leite Humano chega a 60%
O temor com a pandemia provocada pelo novo coronavírus pode prejudicar a vida de milhares de pequenos brasileirinhos internados na Unidades Neonatais. Isso porque o número de doadoras de leite materno sofreu queda de 5% em relação ao ano passado. O Ministério da Saúde informou que de janeiro a abril de 2020 o número de mulheres que se dispuseram a contribuir caiu de 61 mil para 58 mil. Estados como São Paulo, Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro apresentaram taxas de queda no banco de leite humano entre 25% e 50%.
A amamentação é de extrema importância, em especial nos primeiros seis meses de vida da criança. Nesse período o leite materno contém tudo o que o bebê precisa, incluindo água, além de garantir benefícios ao sistema imunológico. Infelizmente, muitas crianças não podem ser amamentadas pelas suas mães enquanto estão internadas nas Unidades Neonatais, necessitando da ajuda dos Bancos de Leite Humano. No Brasil, mais de 330 mil crianças nascem prematuras e precisam de doação de leite materno. Cada pote de leite materno pode ajudar até 10 recém-nascidos.
Para que as mães não se esqueçam desta importante ajuda, o Ministério da Saúde lançou a campanha “Doe leite materno. Nessa corrente pela vida, cada gota faz a diferença”. O objetivo é reforçar a necessidade de lactantes saudáveis e que podem doar, ajudarem a aumentar o volume de leite materno doado nos estoques dos Bancos de Leite Humano. Dessa forma, pode-se garantir a alimentação de bebês prematuros e/ou de baixo peso que estão internados nas Unidades Neonatais e não podem ser amamentados diretamente nos seios de suas mães. No último ano, apenas 45% desses bebês receberam a doação de leite humano.
Segundo Danielle Aparecida da Silva, coordenadora do Banco de Leite Humano (BLH) do Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz), o número de doadoras sofreu uma queda provavelmente por conta do temor pela pandemia em alguns estados. No entanto, elas podem ficar despreocupadas, já que a coleta é feita com toda a segurança necessária. Segundo Danielle, qualquer mãe lactante é uma possível doadora de leite materno e pode ajudar os bebês prematuros e/ou de baixo peso internados nas Unidades Neonatais. O contato com os Bancos de Leite Humano é facilitado, e as mães recebem todas as orientações dos especialistas.
“Toda mulher que está amamentando e produzindo excedente de leite materno, ou seja, mais do que seu filho consome, pode entrar em contato com o Banco de Leite Humano mais próximo. Basta ligar para o 136 ou buscar informações em saude.gov.br/doacaodeleite”, disse.
Luciana da Silva Távora, mãe de 33 anos de Macapá, teve sua filha antes do previsto e ela nasceu prematura na véspera do dia das mães e sentiu de perto a solidariedade das doadoras, pessoas que ajudam milhares de vidas todos os dias. Ela conseguiu retirar um pouco do seu leite, mas precisou de doações do Banco de Leite Humano para alimentar sua pequena integralmente que está internada na Unidade Neonatal.
“Eu conheci esse lindo projeto e na primeira vez que retirei o meu leite, fiquei emocionada. Uma funcionária perguntou se estava doendo para tirar e eu disse que não. Como o ser humano é perfeito! Nosso corpo trabalha para alimentar nossos filhos. Naquele momento fiquei emocionada ao saber que têm mães que com um gesto de solidariedade doam seu leite ao Banco de Leite Humano para ajudar quem precisa”, relatou a mãe.
A filha de Luciana continua internada na UTI neonatal porque ela ainda precisa de ajuda de aparelhos para respirar. Mas graças à doação de mães lactantes, a pequenina deve sair em breve.
“Doe leite materno. Nessa corrente pela vida, cada gota faz a diferença”. Para mais informações, ligue 136 ou acesse o site saude.gov.br/doacaodeleite.
GIRO DE NOTÍCIAS / Agência do Rádio