A roupa seca é uma vestimenta de proteção individual, utilizada para mergulho que evita contaminação
O Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais (CBMMG) tem procurado investir na busca de soluções e equipamentos modernos para proporcionar mais segurança aos militares em atividades de mergulho que, por sua natureza, oferecem riscos aos bombeiros.
Neste fim de semana, em um trabalho integrado entre unidades da capital, os bombeiros militares recorreram ao uso de um equipamento raro e específico para realizar a recuperação do corpo de uma vítima de afogamento no bairro Jardim Canadá, em Nova Lima.
Um rapaz, de aproximadamente 38 anos, se afogou no lago conhecido como Lagoa Azul, que fica localizado na região metropolitana de Belo Horizonte, cujo o acesso era proibido para nado.
Os militares chegaram ao local e realizaram “Pistões” (Técnica de busca submersa sem o uso de cilindros de ar).
Como a vítima não foi encontrada, outra equipe foi acionada para apoio, transportando os materiais de mergulho para a busca submersa e equipada.
Como a água do lago era contaminada, os bombeiros precisariam então de equipamentos adequados para prosseguir com a missão, que contou com 13 militares do 1º e 3º Batalhão de Bombeiros Militar e Batalhão de Emergências Ambientais e Resposta a Desastres (Bemad), tripulando 5 viaturas na operação de buscas submersas.
Infelizmente, quando o Corpo de Bombeiros foi acionado, a vítima, que estava alcoolizada e tentou fazer a travessia da cava, já estava desaparecida nas águas, mas para o resgate do corpo foi necessário empregar uma operação especializada, com a aplicação de técnicas de busca e recuperação em águas contaminadas por meio do sistema de mergulho dependente com roupa seca.
Além do equipamento, foi feito o mapeamento de batimetria com a ajuda de um sonar, equipamento que faz a varredura do fundo. Com base nessa leitura, foi realizado um planejamento de tempo de fundo, profundidade máxima, dos riscos e verificação de perigos ocultos para o mergulhador.
A partir daí, foi definido o ponto de entrada e a preparação do militar, com a devida paramentação do sistema de mergulho dependente para àguas contaminadas, para iniciar o mergulho e a recuperação do corpo. Por meio de uma busca em zigue-zague, em coordenação com a equipe que estava no barco com a fonia, na superfície da represa, e após 1 hora e 40 minutos ininterruptos de mergulho foi feita a recuperação do corpo da vítima, procedendo com o acionamento da Polícia Civil para os devidos procedimentos.
Ao final da operação, os militares que tiveram acesso às águas contaminadas passaram pelo corredor de descontaminação, montado pela equipe do Pelotão de Operações com Produtos Químicos, Biológicos, Radiológicos e Nucleares (PQBRN), garantindo assim a segurança e integridade dos envolvidos.
Sobre o equipamento
O equipamento de mergulho dependente é constituído por: cilindros de mergulho, maleta de controle de ar, rádio, umbilical e capacete de mergulho profissional e roupa seca. Sistema este fundamental para mergulhos em águas poluídas.
A roupa seca é uma vestimenta de proteção individual, utilizada para mergulho, que diminui substancialmente o contato do meio externo com o meio interno. Ou seja, provoca o isolamento do mergulhador com o meio.
Além de evitar o contato com substâncias contaminadas, a composição da roupa garante a impermeabilização, mantendo assim a temperatura do mergulhador, evitando hipotermia em grandes profundidades ou longos períodos de exposição na água, reduzindo drasticamente a possibilidade de doenças descompressivas e contaminações químicas e biológicas.
O chamado “cordão umbilical” permite fazer a conecção, bem como a troca dos cilindros na superfície com o capacete, evitando que o mergulhador necessite subir ou interromper a busca, otimizando o tempo da missão.
Já o equipamento de fonia (rádio) permite a comunicação estável, por meio de cabeamento, garantindo maior e melhor tempo de interlocução com a equipe que está na superfície, funcionalidade essencial na atividade de mergulho.
O sistema, que gera mais autonomia, otimiza o tempo e gera mais segurança para os militares, além de ter um custo elevado, é o único no mundo que assegura o mergulho de forma inviolada dependendo do nível de contaminação da água.
GIRO DE NOTÍCIAS / CBMMG