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Pesquisa coordenada pela Funed investiga potencial tratamento para o câncer e é destaque em publicação internacional

por Barbacena em Tempo
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Um composto produzido em laboratório foi utilizado para eliminar as células tumorais responsáveis por uma das formas mais agressivas do câncer de mama, o triplo negativo, um tipo de tumor agressivo e resistente à quimioterapia.  A revista científica Chemical Biology & Drug Design, destacou a relevância da pesquisa, em sua publicação de julho deste ano.

O estudo tem coordenação e orientação da pesquisadora da Fundação Ezequiel Dias (Funed), Luciana Silva e autoria de Aline Brito de Lima, cujo trabalho foi realizado durante seu mestrado em Ciências da Saúde, pela Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ). São co-autores do trabalho os pesquisadores Fernando Varotti, Gustavo Viana e Fábio Santos, além das alunas Camila Barbosa e Alessandra Gonçalves, integrantes do Núcleo de Pesquisa em Química Biológica do Campus Centro-Oeste da UFSJ. As moléculas do estudo foram patenteadas, sendo a Funed uma das instituições autoras da patente.

A pesquisa investigou quais os tipos de células do tumor de câncer triplo negativo eram afetados quando tratados com as moléculas análogas de alcaloides marinhos. “Já sabíamos a quantidade de células que morriam, mas queríamos saber quais eram elas”, conta Luciana. “Fizemos um levantamento das características dos tipos celulares apresentados antes e depois do tratamento com as moléculas e vimos que as células com perfil de células tronco do câncer de mama morriam”, explica Aline.

Luciana ressalta que, segundo a literatura, a maioria dos tumores é recidiva, ocasionando o retorno da doença. Esta possibilidade de volta do tumor é dada pelas células tronco do câncer. “As células tronco que todos conhecemos, que apresentam função terapêutica, são diferentes das células tronco do câncer, que neste caso podem provocar o reaparecimento do tumor, devido à sua capacidade de crescimento e retorno. Elas regeneram o tumor e, por geralmente não serem afetadas pelos tratamentos usuais do câncer, ocorre a seleção de um grupo de células muito mais resistente. O tratamento mata as células mais sensíveis do tumor, restando as células troncos do câncer, resistente ao tratamento. São elas que  irão crescer, proliferar e muitas vezes determinar a agressividade do tumor”, esclarece Luciana.

A doença

O tumor de Câncer de Mama Triplo Negativo, de acordo com o Hospital Sírio Libanês, “costuma ser mais agressivo porque existe maior chance de retorno da doença depois de um prévio controle, levando à metástase e a uma sobrevida menor do que os outros tipos de câncer”. As pacientes têm, em média, uma sobrevida de cinco anos.

O Ministério da Saúde estimou que no biênio 2016/2017, fossem registrados 57.960 novos casos de câncer de mama no país. Deste, 11.592, cerca de 20%, serão de triplos-negativos.

Novidade

A pesquisadora Luciana Silva coordena o Serviço de Biologia Celular (SBC) da Diretoria de Pesquisa e Desenvolvimento da Funed, que inovou ao analisar, neste estudo, subpopulações tumorais. “Já temos uma frente de análise gênica e agora estamos entrando numa era de análises de estudos antitumorais, considerando as subpopulações celulares, o que é tendência mundial”, relata Luciana.

Ela complementa, ainda, que “esse tipo de análise, utilizando as subpopulações, é extremamente relevante, visto que trabalhamos com um tumor que é altamente agressivo, com poucas possibilidades de tratamento. Este é o nosso grande desafio”, completa a pesquisadora.

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