Ao todo, 14 presos cursaram os anos iniciais e finais do Ensino Fundamental dentro do presídio.
“Felicidade para vocês e para nós, porque concluímos esse trabalho juntos”. Foi assim que a diretora da Escola Estadual Herbert José de Souza, Patrícia Gosling, abriu a solenidade de formatura de 14 detentos que cursaram as séries iniciais e finais do Ensino Fundamental dentro do Presídio de Vespasiano. Servidores da unidade, professores, agentes de segurança penitenciários, familiares e amigos acompanharam o evento, realizado na última terça-feira (11/7).
Atualmente, 73 detentos estudam na modalidade de Educação de Jovens e Adultos (EJA) na escola instalada na unidade prisional. Os presos precisam ser aprovados pela Comissão Técnica de Classificação da Unidade (CTC): equipe composta por profissionais das áreas de segurança, psicossocial, jurídica e de saúde. Além da avaliação, os detentos precisam demonstrar interesse, ter bom comportamento, fazer as atividades e não faltar às aulas.
Se as regras forem descumpridas, eles podem perder a vaga. Por questões de segurança, as turmas são compostas por, no máximo, 15 alunos, o que – segundo a diretora – contribui significativamente para o ensino e o contato entre aluno e professor. “A turma é mais restrita, e a gente consegue ajudá-los a se reinserirem à sociedade. Um retorno para o convívio social dentro das regras”, afirmou Patrícia.
Professora há mais de 25 anos, Patrícia disse que lecionar no Sistema Prisional é um desafio e tanto, com uma recompensa grandiosa. “Eu já fui diretora de escola regular durante muitos anos e aqui a gente vê efetivamente o nosso trabalho surtir efeito. Percebemos com clareza como a educação é importante na vida do cidadão, como ela é mesmo formadora de valores, de conceitos. É muito bom perceber isso! Estou satisfeita e feliz por mais uma etapa concluída. Isso engrandece a gente como pessoa”, comemora a diretora.
Ressocialização
Carlos Alberto Alves, de 28 anos, está preso há seis. Em poucos dias ele será solto e sairá do presídio com um diploma e uma certidão de casamento. “Com a oportunidade que tive aqui, recuperei praticamente seis anos da minha vida. Comecei a trabalhar muito cedo e tive que largar a escola. Depois me envolvi na vida do crime e ficou mais difícil voltar. Nem passava pela minha cabeça que poderia estudar aqui. Muitos lá fora veem isso como uma regalia, mas não é. É isso que nos motiva a mudar de vida”.
A mudança é perceptível também para a esposa de Carlos. Maíssa Carolina fez questão de prestigiar o marido recebendo o canudo. “Ele vai sair outra pessoa. É uma oportunidade importante, é uma mudança enorme. Muitos desacreditaram que seria possível, mas só quem está aqui e sempre o acompanhou, sabe da verdade como é. Ele teve força de vontade pra mudar. É um homem incrível.”
Uma das pessoas escolhidas para compor a mesa e entregar os diplomas foi a professora de alfabetização, Kênia Silva, que não conseguiu conter as lágrimas ao abraçar os formandos. “É gratificante ver tudo isso. O que eu levo dessas experiências é o amor. Tudo o que tenho e que posso oferecer do meu melhor eu ofereço. Acredito no que eu faço, acredito na ressocialização, vivo isso. Pra mim, é importante demais. Eles precisam de pessoas que acreditem neles, e eles nos respeitam muito por isso. Eu amo o que eu faço!”, declarou Kênia.
Aproximadamente 8 mil detentos cursam a educação básica (ensino fundamental e médio) nas 119 escolas estaduais e municipais instaladas dentro das unidades prisionais em Minas Gerais.
Fonte: Assessoria de Comunicação da Secretaria de Estado de Administração Prisional