Livro retrata trajetória do Projeto Pão & Beleza em Barbacena
Onde você guarda suas roupas? E seus calçados? E sua escova de dente, creme dental, sabonete, perfume? Onde você se senta para fazer as refeições? E onde se deita para descansar, no final do dia? Essas podem parecer perguntas simples, bobas até.
E se feitas à maioria de nós, facilmente seriam respondidas. Mas não é o que acontece com as pessoas em situação de rua. A realidade do “morar” não faz parte do seu dia a dia. E se quiserem guardar o que possuem – sempre poucas coisas – terão que fazê-lo numa sacola ou mochila; e a carregar para onde forem.
É assim que inicia o contar de uma história real do Projeto Pão & Beleza que agora esta registrada no livro Memórias.
A obra que conta a trajetória do Projeto Pão & Beleza, da Paróquia de Nossa Senhora da Piedade, em Barbacena, terá seu lançamento no dia 6 de julho, às 16h, na Capela do Educandário.
Em 82 páginas um pouco do trabalho construído e moldado a mãos voluntária e com total apoio da Paróquia. Livro e uma leitura rápida porque cada depoimento dos voluntários mostra que com muito amor e dedicação é possível transformar a vida de muitos que tanto precisam, em alguns momentos, de uma simples palavra de conforto; e o relato daqueles que tiveram o Pão & Beleza como uma porta para um resgate maior de sua vida.
Depoimentos emocionantes e de superação. Em todos estes anos em prol aqueles que vivem em situação de rua, o Pão & Beleza já resgatou treze pessoas e reconstruíram suas vidas e vivem felizes.
Projeto Pão e Beleza – tem como público-alvo a população em situação de rua.
Faz parte atualmente do Centro de Ação Social e Promoção Humana Dom Luciano Mendes de Almeida, da Paróquia de Nossa Senhora da Piedade.
Contudo, é um grupo ecumênico de voluntários que acredita que o ser humano precisa de “pão” para sobreviver, mas também de “beleza”, que é “dignidade, inclusão, reconhecimento, autoestima elevada, consciência crítica, direito de pensar e escolher.”.
Além do acesso ao banho, corte de unhas, barba e cabelo, roupa e refeição, há troca de vivências.
“Os encontros acontecem aos sábados, de 09h30 as 13h; e às terças-feiras, a partir de 18h30, para uma jantar e uma roda de conversa.
A finalidade é um dia por dar atendimento todos os dias, mas para isso é necessário mais voluntários. Para que os beneficiários voltem a vivenciar esses acontecimentos, são realizadas comemorações no Dia da Mulher, Festa Junina, Carnaval e outras.
No início dos nossos trabalhos, os beneficiários do Projeto eram em sua totalidade pessoas em situação de rua que haviam perdido o vínculo com a família.
Hoje, com o forte crescimento da dependência química, esse quadro mudou. Alguns, ficam na rua em épocas de crises familiares, devido principalmente ao uso de drogas.
Chegam a ficar temporariamente em casa, retornando depois à rua.
Através de parcerias com comunidades de recuperação de dependentes químicos e outros grupos de serviço, encaminham muitos deles para tratamento da dependência química, quando aceitam e tem o desejo de mudar.
Contamos também com o trabalho do CAPS AD (álcool e droga), Consultório na Rua e CREAS, esses ligados à Secretaria de Saúde do município.
Tem sua própria sede, um sonho realizado principalmente pelos idealizadores do Projeto, e construído com muita garra e doações. O Centro de Ação Social deu grande impulso e espaço virou realidade.
O Projeto é, então, mantido pelo Centro de Ação Social e Promoção Humana “Dom Luciano Mendes de Almeida”, pelo trabalho dos voluntários e por doações de tantos que acreditam ser possível o resgate da dignidade. Essas doações são feitas através de contribuições mensais ou esporádicas, tanto em espécie quanto em roupas, calçados, materiais de higiene pessoal e outros.
Nesses onze anos de vida, foram cadastrados no projeto 850 atendidos. Foram servidos cerca de 11.500 cafés, 17.160 almoços e 17.160 banhos. Treze beneficiários conseguiram se livrar das drogas, retomando suas vidas. Alguns com a antiga família, outros em novas situações. Sete se encontram em processo de recuperação, com mais de quatro meses de sobriedade.
Fonte: Jornalista Márcio Cleber