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Mano admite que situação externa influencia dentro de campo

por Barbacena em Tempo
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Enquanto aguarda para retomar os trabalhos no Cruzeiro, nesta segunda-feira, após alguns dias de folga concedidos aos jogadores, o técnico Mano Menezes participou do podcast “Hoje Sim”, do narrador Cleber Machado, do Grupo Globo. Chamou a atenção na entrevista a opinião de Mano Menezes sobre a situação que envolve as denúncias apresentada no Fantástico que teve acesso a quase 200 páginas de contratos e planilhas de controle interno da administração do Cruzeiro. Há evidências de que a diretoria cruzeirense quebrou regras da Fifa e da CBF, no âmbito do futebol, e do governo federal, por meio do Profut, programa de renegociação de dívidas fiscais com clubes.

Dirigentes, como o vice-presidente de futebol, Itair Machado, e o diretor-geral, Sérgio Nonato, também praticaram aumentos seguidos dos próprios salários, com o aval da presidência da Raposa.

– A gente do futebol também sabe que algumas coisas influenciam diretamente na parte de campo. O Cruzeiro vem passando por um momento difícil como clube, e mesmo com toda experiência, seja dos comandantes, no nosso caso em termos de comissão técnica, seja por parte dos jogadores, que temos aí uma grande quantidade de jogadores com experiência suficiente para tentar separar uma coisa da outra, você sabe que isso não é bem assim na prática. Isso influencia no sentimento do torcedor. O sentimento e o humor do torcedor interferem no jogo, que ele vai ao estádio, ou ele não vai ao estádio, a ausência dele interfere, a presença dele com outro humor interfere no jogo, essas coisas têm certa ligação. E é sempre muito ruim você abrir todos os meios de comunicação a cada dia e ver que muito mais se fala negativamente do seu clube do que positivamente, essas coisas também estão juntas e temos que resolver, como clube e como time.

O treinador cruzeirense também falou sobre a situação do time, que ocupa a 18ª colocação do Campeonato Brasileiro (somou apenas oito dos 27 pontos disputados) e está na zona de rebaixamento, mas que começou bem a temporada (chegou a ficar invicto nos 21 primeiros jogos que disputou), conquistou o bicampeonato mineiro (inverteu a vantagem do rival Atlético-MG na final) e obteve de forma antecipada e em primeiro lugar do grupo a classificação para as oitavas de final da Copa Libertadores. Além disso, a Raposa também avançou para as quartas de final da Copa do Brasil, após dois empates com o Fluminense e classificação obtida na disputa de pênaltis, para encarar o Atlético-MG na fase seguinte.

Cleber Machado recuperou uma fala de Mano em sua última entrevista coletiva, após a derrota de 2 a 1 para o Fortaleza, no Ceará, quando o treinador brincou com o discurso que estava sendo usado por muitas equipes – a maioria em situação ruim no Campeonato Brasileiro -, que prometiam retornar bem melhores após a parada para a Copa América. Foi a partir desta ideia que o treinador do Cruzeiro falou sobre o momento do time.

– A observação foi em cima exatamente dessa expectativa de melhora quase que geral. Todo mundo se referiu à parada para a Copa América, com pequenas exceções, quem está lá na frente não precisa melhorar. Mas todos os outros acham que podem fazer melhor e que têm uma tendência a fazer melhor. Mas eu disse que isso não vai ser só por uma intenção. No Rio Grande do Sul, tem um ditado que diz que “de bem intencionado o inferno está lotado”. Tem que rever coisas importantes, no nosso caso, entender perfeitamente o que foi que aconteceu para uma parada tão brusca em termos de rendimento. Você pode até discutir a qualidade do jogo, mas o Cruzeiro sempre pontuou em qualquer campeonato que jogou, foi uma equipe competitiva, e nós não perdemos essa capacidade de competir. Você pode questionar outras coisas, mas minhas equipes nunca deixaram de ser competitivas – afirmou Mano Menezes, que continuou:

 Temos que entender o Campeonato Brasileiro que estamos fazendo, as mudanças que já apareceram em termos de proposta de jogo, de posicionamento, de questões táticas, que já apresentam algumas alterações consistentes, para chegarmos à conclusão que nossa maneira de jogar pode ser mantida, e que basta trabalharmos algumas questões que ficaram para trás, ou se temos que modificar nossa maneira, se ela não for mais suficiente para ser competitiva e produzir resultados. Essas coisas todas estão em discussão quando uma equipe como a nossa não pontua ou não vence.

Mano também falou sobre a importância dos duelos com o Atlético-MG pelas quartas de final da Copa do Brasil. Para o treinador, o duelo tem a força para recolocar o Cruzeiro no caminho que pretendia seguir na temporada, ou, por outro lado, em caso de eliminação, ter um peso ainda maior.

– Se ganhar, é um gás extremamente positivo (risos). Se perder, você perde para o maior rival. E aí pode ter um peso ainda maior a derrota. O futebol não tem meias palavras. Ele é muito duro. Na medida em que você atinge o objetivo, passa, você ganha uma confiança, recupera essa confiança perdida, e pode significar, a partir daí, uma retomada na temporada mesmo. Esse jogo é um jogo que tem força para isso. Sobre o River, não vamos nem, falar, né? O River é o atual campeão da Libertadores e um dos times que vem jogando o melhor futebol da América há bastante tempo.

Treinadores na berlinda no Brasil e situação do técnico no Cruzeiro

– Não temos caminho. Perdeu, está errado. Ganhou, está certo. E essa é uma parte dos problemas que temos enfrentado aí. Não é o meu caso, lógico, porque estou no Cruzeiro há quase três anos, então, não posso reclamar de tempo de trabalho. Embora a cada seis meses você constrói um novo time independentemente de circunstância. Uma boa parte do seu time às vezes sai, ou algum jogador importante sai, você tem que encontrar novas soluções, e aí já muda um pouco o que você vinha fazendo. Mas eu vejo boas perspectivas para o Cruzeiro, sim. Tenho um grupo muito qualificado e trabalhador, correto, honesto no dia a dia de trabalho. Não tenho nenhum porém para reclamar desses jogadores, então, quando as coisas estão nesse caminho, é só a gente achar o ponto de equilíbrio para voltar a ser a equipe que sempre foi

Cruzeiro já sem chances de brigar pelo título brasileiro?

– Nunca gosto de enganar, entre aspas, o torcedor, falar agora de disputa de título, na situação que o Cruzeiro está em relação ao Palmeiras (17 pontos de distância). Não cabe. Embora você não possa, com nove rodadas jogadas, desistir de um campeonato. Claro que não pode. Mas hoje não temos que falar nisso. Tem que, primeiro, resolver o problema de produção da equipe, mostrar dentro de campo que é um pretendente a alguma coisa melhor.

GIRO ESPORTIVO  A/M

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