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Produtores de queijo Minas artesanal comemoram selo que permite venda em todo o país

por Barbacena em Tempo
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Emater-MG ressalta importância do cadastramento do queijo no IMA como primeira medida.

BELO HORIZONTE (26/7/2019) – Produtores do queijo Minas artesanal, atendidos pela Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG), vinculada à Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa-MG), estão comemorando o Decreto Federal nº 8.818, publicado neste mês, que regulamenta o chamado Selo Arte. A chancela vai permitir a venda interestadual de produtos alimentícios artesanais como queijos, mel e embutidos, atendendo antiga reivindicação dos fabricantes. A expectativa do setor é a maior expansão do mercado e o consequente aumento da renda com a atividade.

“Quanto mais expandir o mercado, melhor. O selo vai agregar mais valor, tornar o queijo mais conhecido e, claro, aumentar a renda”, argumenta o produtor familiar Elias Côrtes de Almeida, do município de Cruzeiro da Fortaleza, na região produtora do Cerrado. Representante da terceira geração de uma família de produtores de queijo Minas artesanal, Elias é proprietário da Queijaria Vô Joaquim. O empreendimento já é cadastrado no Instituto Agropecuário de Minas (IMA) há dois anos.

“Se o produto pode ser consumido por mineiros, por que pessoas de outros estados não poderiam?”, questiona. Produzindo cem quilos por dia, com a ajuda da noiva Bruna Cunha Barbosa, Elias ainda não pretende aumentar a produção. Segundo ele, “por falta de recursos”, mas promete continuar a investir na melhoria da qualidade de seu produto. Ele avalia que vender o queijo para outros estados não seria difícil. “Tenho clientes garantidos em São Paulo e Brasília, além de Cruzeiro da Fortaleza e Patos de Minas”, explica.

Outro produtor de queijo Minas artesanal, Reinaldo Antônio de Lima, de Araxá, também festeja a iniciativa. “O Selo Arte será uma ferramenta de extrema importância para o produtor agregar valor ao seu produto e vai atender a um anseio que a gente tem pela liberdade de comercializar para todo o território nacional. Costumamos dizer que é a Lei Áurea do queijo, pois vamos ocupar uma vaga que hoje é preenchida pelo queijo clandestino. No país, 90% do produto é clandestino”, afirma.

Com produção familiar de 35 a 40 queijos por dia, Reinado vive da atividade há seis anos e já possui o cadastro no IMA. Sua expectativa agora é de que esse reconhecimento estadual se torne um passaporte garantido para o acesso ao carimbo federal.

“Há muito tempo eu bato nessa tecla: precisamos levar o nosso queijo para todo o Brasil”, festeja, igualmente, o produtor da região Serra do Salitre, no município do mesmo nome, Geraldo Moreira da Silva. Agricultor familiar, Moreira aprendeu o ofício dos pais, que, por sua vez, herdaram o saber dos avós dele.

Dono da Queijaria Catulés, Geraldo e família produzem diariamente 110 quilos de queijo Minas artesanal. O produto batizado de queijo Catulé ficou em quarto lugar no Concurso Estadual de Queijo, em 2016. Sua queijaria foi a primeira do estado a ser cadastrada no IMA, segundo ele. O queijo Catulé é comercializado na região de origem e no Mercado Central de Belo Horizonte, mas Moreira não disfarça que está de olho no mercado paulista. “Vamos vender para São Paulo. O contato é São Paulo”, garante.

A importância do cadastro no IMA

A coordenadora técnica estadual da Emater-MG, Maria Edinice Soares, considera o Selo Arte uma grande medida para abrir o leque de opções de comercialização no Brasil, desse queijo tipicamente mineiro. No entanto, a técnica chama a atenção para a importância de o produtor buscar, em primeiro lugar, a legalização de sua fábrica, por meio do cadastramento no IMA. Em Minas Gerais, esse é o órgão responsável pela inspeção sanitária estadual, sendo, assim como a Emater, também vinculado à Seapa.

“Com o certificado do IMA, o produtor pode comercializar dentro do estado. Com o Selo Arte, ele vai ter como acessar, por exemplo, mercados nacionais importantes como São Paulo, Rio de Janeiro e o Paraná, que é um grande comprador de queijo, bem como todo o país. Mas antes é preciso se cadastrar no órgão estadual”, explica.

Edinice acrescenta que o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) deixa no decreto essa responsabilidade para o Estado. E acredita que, naturalmente, o queijo cadastrado no IMA vai poder utilizar o selo federal. “O decreto é muito recente e o IMA está caminhando para criar as normas. Mas a principal delas deverá ser a queijaria cadastrada nesse órgão”, avalia.

Incentivo

Minas Gerais tem reconhecidas sete regiões caracterizadas como produtoras do queijo Minas artesanal. São elas: Araxá, Canastra, Serro, Triângulo, Campo das Vertentes, Cerrado e Serra do Salitre. Atualmente o estado registra 280 queijarias cadastradas no IMA.

Por isso, embora a quantidade ainda seja pequena, em comparação ao universo dos que trabalham na manufatura de queijo Minas artesanal, a coordenadora da Emater-MG, Maria Edinice acredita que o Selo Arte possa servir de incentivo aos produtores que querem legalizar suas queijarias junto ao órgão público estadual de inspeção sanitária. “Pode ser que hoje, o produtor visualizando um mercado fora do estado, consiga fazer as melhorias necessárias para produzir legalmente o queijo”, prevê.

A parceria entre Emater-MG e IMA para estimular produtores a cadastrarem seus queijos no instituto vai continuar firme, segundo Maria Edinice. “Desde 2011, quando foi implantada a legislação do queijo Minas artesanal, a Emater-MG vem fazendo esse trabalho de assistência técnica, orientação e apoio ao produtor de queijo, para que ele possa cumprir as exigências do processo de cadastramento. É fato que o produtor com a queijaria castrada tem um mercado mais favorável e um produto mais valorizado”, ressalta.

GIRO DE NOTÍCIAS / SAEMG

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