O Cultivo surpreende com receitas feitas com ingredientes típicos da região.
Na 22ª edição do Festival Cultura e Gastronomia de Tiradentes, que começa neste sábado, 24, e vai até 1 de setembro, o Cultivo Bistrô Vegetariano entra na programação afim de completar ainda mais a diversidade do cardápio do evento. É a primeira vez que a Praça Vertentes com restaurantes tiradentinos, montada especialmente para ocasião, irá oferecer a opção a quem não come carne.
Nesse clima, o bistrô vegetariano, com opções veganas também, entrará pro cardápio do Festival Fartura Tiradentes com o Mió Pra Nóis, que são croquetes de milho com ora-pro-nóbis. O Jaca Tatu, escondidinho de jaca e o caldo de cenoura com gengibre e coulis de beterraba. E tem até hambúrguer! O Sinhô Bean, de feijão com funghi, que o chef Lucas Pereira faz com tanta dedicação que não deixa a desejar para nenhum outro feito com carne.
Os ingredientes são prioritariamente orgânicos e, em sua maioria, garimpados de produtores locais, como é o caso do premiado queijo Catauá. Tanto trabalho resulta numa variedade de tira-gosto, pratos, drinks e cervejas artesanais incríveis. Que para conhecer tem que reservar um bom tempo ao estabelecimento no Largo do Ó, número 13. Ao chegar lá o cliente é recebido com sorrisos e pela mascote, a Olguinha. Uma simpática cadelinha que até recebeu em homenagem o nome e foto no rótulo da cerveja da casa. É uma Pale Ale deliciosíssima produzida pelo mestre cervejeiro Adriano Ribeiro, o Tangê.
Cada vez mais sem carne
Uma pesquisa do Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística, IBOPE, mostrou que o número de vegetarianos no Brasil quase dobrou em seis anos e, hoje, chega a 29 milhões de pessoas. Os dados também englobam a população vegana e configuram um salto histórico no número de brasileiros que se declaram não carnívoros. Realizada em abril de 2018 e divulgada em maio pela Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB), a pesquisa só vem comprovar os sinais do fim do mito de que só se come folha entre os vegetarianos e que a alimentação de origem animal é essencial e central. “Não é!”, enfatiza Isabella Grossi, proprietária do Cultivo. “Quando você coloca a carne de lado, descobre uma infinidade de sabores, texturas e cores. São alimentos que vêm da natureza e estão ao nosso alcance para suprir uma alimentação saudável e balanceada.”
A ascensão da gastronomia vegana e vegetariana é tanta que, esse ano, o vencedor da 20ª edição do Comida di Buteco, na capital mineira, foi um prato vegano com elementos bem brasileiros. E se o assunto é diversidade de sabores e saberes, nada mais adequado ao Cultivo comemorar seu aniversário de segundo ano de funcionamento no principal e mais variado evento gastronômico do Brasil.
Uma história de amor aos ideias
Há dois anos no Largo do Ó, o Cultivo surgiu da ideia de duas pessoas convictas de suas utopias. A jornalista Isabella Grossi e o escritor Daniel Rubens Prado resolveram montar um lugar onde, através da comida, feita com afeto e dedicação, cada cliente fosse recebido como o melhor amigo dos donos. Um espaço para as pessoas sentirem-se acolhidas em criatividade, consciência social e ambiental.
Isso porque além dos deliciosos e inusitados pratos sem origem animal, o ambiente é propício para pessoas que compartilham um ideal de vida que engloba respeito ao meio ambiente, à justiça social, o prazer da boa mesa, da literatura e da música. Trata-se de centenas de vinis e livros à vontade para o cliente desfrutar. De forma que, entre uma arte e um causo, a mágica acontece. Esta última bem lembrada pelo próprio dono ao evocar Vinícius de Moraes: “Aqui, no Cultivo, não conquistamos clientes, reconhecemos amigos”.
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