De janeiro a 24 de agosto, foram registrados 1,4 milhão de casos da enfermidade em todo o Brasil.
O número de casos de dengue, doença transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, está quase sete vezes maior em 2019, na comparação com 2018, de acordo com o último boletim epidemiológico do Ministério da Saúde. De janeiro a 24 de agosto, foram registrados 1,4 milhão de casos da enfermidade em todo o Brasil. No ano passado, o número foi de 205,7 mil. As regiões Sudeste e Centro-Oeste lideram os registros da doença.
Com 999 mil pessoas infectadas pelo vírus da dengue, o Sudeste teve um aumento de 1.713,2% nos casos em relação ao ano passado. A maioria foi detectada em Minas Gerais, com incidência de 2.239 casos por 100 mil habitantes. O boletim epidemiológico da Secretaria de Saúde do estado, atualizado em 6 de setembro, mostra o registro de 474,6 mil casos prováveis – que é a soma dos casos confirmados e suspeitos. Até o momento, a doença matou 132 pessoas em 42 municípios mineiros. Em Belo Horizonte, foram 23 óbitos registrados.
Em segundo lugar no ranking de casos de dengue registrados em 2019 está a região Centro-Oeste. Foram 192,4 mil casos. Goiás tem a maior incidência: são 1.561,6 casos por 100 mil habitantes. Segundo o último boletim semanal de dengue, da gerência de vigilância epidemiológica do estado, Goiânia, Aparecida de Goiânia e Anápolis registraram mais de 55 mil notificações de dengue neste ano. A capital e as duas cidades concentram o maior número de habitantes do estado – pouco mais de dois milhões de habitantes. A cidade do sul goiano Rio Verde se destaca negativamente, com mais de cinco mil notificações. Em Goiânia, já foram confirmadas 10 mortes em decorrência da dengue.
Para o Ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, o mosquito transmissor da dengue, zika e chikungunya se espalhou e se adaptou a regiões que, anos atrás, eram pouco atingidas. Os fatores ambientais, como alto volume de chuvas e altas temperaturas também favoreceram o aumento dos casos. Além desse fator, a circulação de um subtipo de vírus específico, sorotipo 2, deixou em alerta todos os estados e municípios.
“O sorotipo 2 não circulava no nosso meio há muito tempo. Ele reapareceu, é mais grave e reinicia um ciclo, pois tem muita gente que não tem imunidade, nunca teve contato com esse sorotipo”, explicou o Ministro.
Segundo o Ministério da Saúde, existem quatro tipos de vírus de dengue – os sorotipos 1, 2, 3 e 4. Cada pessoa pode ter os quatro sorotipos da doença, mas a infecção por um sorotipo gera imunidade permanente para ele.A cuidadora Ana Luiza Espíndola, de 54 anos, teve a doença há cinco anos, mas nunca esqueceu a experiência “traumatizante” de ser diagnosticada com dengue. Moradora do bairro Belford Roxo, na zona norte do Rio de Janeiro, a cuidadora lembra que os analgésicos receitados pelos médicos não resolviam a sensação de mal-estar, incômodo para comer, dormir e a incapacidade motora que sentiu durante pelo menos 15 dias.