Número de casos de intoxicação por produtos de limpeza aumenta desde o início da pandemia

Segundo a Anvisa, houve aumento de mais de 23% nos casos entre janeiro e abril em comparação com o mesmo período de 2019.

Diante da pandemia do coronavírus, a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou estado de emergência em saúde pública no final de janeiro. A recomendação da instituição e das autoridades nacionais regulatórias é a constante limpeza e desinfecção das mãos e objetos como uma das medidas para reduzir a disseminação da Covid-19.

Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), com base em dados dos Centros de Informação e Assistência Toxicológica (CIATox), houve aumento no número de casos de intoxicação por produtos de limpeza entre os brasileiros em 2020. Alguns exemplos desses produtos são água sanitária, soda cáustica, desinfetantes e inseticidas.

Entre janeiro e abril, os CIATox receberam 1.540 registros de casos de intoxicação envolvendo adultos relacionados a produtos de limpeza. O número é 23,3% maior do que o mesmo período do ano passado, quando foram registrados 1.249.

Os casos entre o público infantil também cresceram. Até abril deste ano, foram 1.940 casos de intoxicação, frente a 1.830 em 2019 – aumento de 6,01%.

“Se os produtos saneantes forem utilizados exatamente como indica no rótulo, o risco está gerenciado. Nunca vai acabar com o risco total, a gente (Anvisa) gerencia para mitigar os mais comuns de acontecer. Quando aprovamos o produto levamos em consideração o risco de cada substância que a empresa informou que compõe o produto”, explica o coordenador de Saneantes da Anvisa, Webert Santana.

De acordo com a agência reguladora, esse aumento sugere relação com uma maior frequência de uso e, consequentemente, a exposição a esses produtos.

Ainda segundo a Anvisa, embora os dados não forneçam informações que mostrem um vínculo definitivo entre as exposições e os esforços de limpeza para evitar a Covid-19, parece haver uma associação temporal clara com o aumento do uso desses produtos.

“Se o rótulo diz que é para diluir, e a pessoa não diluir, esse é um forte motivo para intoxicação porque está sendo utilizada uma concentração mais alta. Tem que seguir sempre as recomendações do rótulo do produto. É única maneira de diminuir a exposição”, diz Irene Satiko, professora do departamento de Farmácia da Universidade de São Paulo.

Recomendações

A Anvisa faz algumas recomendações para que o risco de intoxicação por produtos de limpeza seja diminuído. A agência reguladora ressalta que é importante manter os produtos fora do alcance de crianças pequenas, entre 1 e 5 anos de idade.

Quanto ao armazenamento, a recomendação é evitar guardá-los em recipientes diferentes e não etiquetados. Na hora de manuseá-los, garantir que o ambiente tenha ventilação e evitar a mistura de produtos químicos.

“As embalagens de saneantes não podem de maneira nenhuma ser utilizada para outros fins. Para armazenar o mesmo produto, é bem normal. A ideia central é somente fazer o reaproveitamento daquelas embalagens que existam refil e tenham essa recomendação. Fora isso, é inutilizar a embalagem e descartar conforme a coleta seletiva”, explica Webert Santana.

A população e os profissionais de saúde contam com um 0800 para tirar dúvidas e fazer denúncias relacionadas a intoxicações. O Disque-Intoxicação, criado pela Anvisa, atende pelo número 0800-722-6001. A ligação é gratuita e o usuário é atendido por uma das 36 unidades da Rede Nacional de Centros de Informação e Assistência Toxicológica (Renaciat).

GIRO DE NOTÍCIAS / Agência do Rádio

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