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Medida já foi apontada como solução para resolver a questão da disponibilidade de leitos em estados com sobrecarga do sistema de saúde.
Para lidar com um possível colapso do sistema de saúde, há quem defenda a “fila única” de pacientes das redes pública e privada para acesso aos leitos de UTI. No entanto, não é isso o que pensam alguns especialistas que se debruçaram sobre o assunto.
A justificativa de quem defende a fila única é de que a disponibilidade de leitos de UTI particular é maior, proporcionalmente, do que a do Sistema Único de Saúde (SUS) e isso ajudaria a desafogar a espera por uma vaga na internação.
No entanto, um estudo de pesquisadores de Harvard, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e do Ministério da Saúde chegou à conclusão de que medidas como essa apenas adiam o colapso dos hospitais.
Bruno Sobral de Carvalho, secretário executivo da Confederação Nacional de Saúde (CNS), detalha porque a medida não seria boa, caso adotada. “A fila única não cria leito. Você tem só uma burocratização de um processo na mão do governo municipal ou estadual a gestão de algo complexo, que é o leito hospitalar. Se os gestores fossem eficientes em fazer isso, não teria um leito do SUS desativado. Isso não vai atender a ninguém e não resolve o problema da falta de leitos.”
Bons modelos
Até aqui, não houve, alguém que adotasse a medida controversa. Pelo contrário. Outros governadores resolveram tomar medidas diferentes para lidar com o problema da disponibilidade de leitos. No Distrito Federal, por exemplo, a Secretaria de Saúde local investiu R$ 35 milhões para contratar leitos de UTI da rede privada. Em São Paulo, no Rio de Janeiro e em outros estados, os gestores ergueram hospitais de campanha ou começaram a investir na reativação de leitos que estavam parados.
Carvalho destaca três possibilidades para que a ocupação de leitos de UTI deixe de ser um problema ou seja solucionada. “O grande objetivo agora é criar leitos novos. Primeiro reativando os leitos do SUS. Muitos estão parados por falta de gestão, de insumos e de pessoal. A segunda coisa é fazer hospital de campanha e, por fim, você tem um instrumento de contrato entre o sistema de saúde e os hospitais, que pode funcionar e ser intensificado”, explica.
Ocupação dos leitos
Dados obtidos junto às secretarias de saúde locais mostram a ocupação dos leitos nos estados mais afetados pela pandemia. No primeiro deles, São Paulo, registra 70,6% dos leitos de UTI ocupados. De acordo com o Ministério da Saúde, o estado conta com mais de 9 mil leitos, entre SUS e hospitais privados.
O Rio de Janeiro, segundo estado em número de casos, vê queda na ocupação das UTIs. O estado chegou a registrar quase 100% de ocupação e, agora, está em 64%. O Ceará, que vem logo em seguida, tem 72% dos leitos ocupados.
O Pará – estado que chegou a decretar bloqueio total das atividades e serviços não essenciais – dá sinais de que a ocupação dos leitos começa a cair. Dos 749 exclusivos para pacientes com o novo coronavírus, 500 estão indisponíveis. A taxa de ocupação é de 66%.
GIRO DE NOTÍCIAS / Agência do Rádio