Todos os anos, as autoridades se desdobram no planejamento de campanhas persuasivas para alertar sobre os riscos que envolvem o uso das linhas cortantes. Os desfechos trágicos se repetem constantemente em decorrência da prática criminosa de soltar pipa com linhas revestidas de materiais que se transformam em arma. Mesmo sem intenção de matar ou ferir alguém, quando se escolhe soltar pipa com linhas cortantes, o resultado final pode ser desastroso.
A Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig) informou que, somente o Hospital João XXIII, atendeu até julho deste ano, 24 casos de vítimas de acidentes com linha de cerol ou outros materiais cortantes.
Já uma outra pesquisa, realizada pelo Centro Integrado de Informação de Defesa Social (Cinds), do Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais (CBMMG), revela que, além dos humanos, muitos animais também se feriram com as linhas com potencial de corte. De acordo com o Cinds, em 2019, o CBMMG atendeu a 160 casos de aves feridas por linhas em todo o estado. Em Belo Horizonte 22 aves foram resgatadas e na RMBH, no mesmo período, 37 aves foram lesionadas.
Já em 2020, o CBMMG socorreu 132 aves prejudicadas pelo uso criminoso do cerol e materiais semelhantes em Minas Gerais, sendo que destes atendimentos, 27 foram na capital e 41 na RMBH. A pesquisa realizada pelo Cinds revela ainda que o Corpo de Bombeiros socorreu um número significativo de espécies raras.
Entre 2019 e 2020, o CBMMG resgatou 128 maritacas, 15 gaviões, 13 corujas, 9 mulatas, 8 tucanos, 6 araras, 4 garças, além de outras aves como pombos, urubus, periquitos e outras espécies. Um prejuízo enorme para a nossa fauna.
Mas não para por aí. Em junho de 2018, uma das aeronaves do Batalhão de Operações Aéreas do Corpo de Bombeiros também foi atingida por uma linha que danificou duas hastes de comando de passo, equipamento responsável pela inclinação das pás da aeronave e que permite o voo. Um dano significativo aos cofres públicos e um prejuízo ainda maior para a população, tendo em vista que o helicóptero realiza atendimentos de urgência e emergência em todo o estado, transportando pessoas que necessitam de atendimento médico imediato.
Em julho de 2016, uma linha de pipa também ficou presa a uma pá do helicóptero Arcanjo, da 2ª Companhia do Batalhão de Operações Aéreas, com sede em Varginha, no Sul de Minas. A avaria, apesar de pequena, poderia ter “baixado” a aeronave, termo usado quando o helicóptero precisa paralisar os atendimentos para manutenção preventiva ou corretiva. Em outubro de 2015, uma linha com cerol provocou também estragos no helicóptero Pégasus do Comando de Radiopatrulhamento Aéreo da Polícia Militar.
Composição das linhas cortantes
Os produtos que compõe o cerol e a linha chilena, são extremamente perigosos devido ao alto poder de corte. O cerol é produzido pela mistura de vidro moído e cola, e após aplicado a linha de algodão, em poucos minutos o produto seca, transformando em uma linha com poder de corte de uma navalha.
Já a linha chilena, é produzida em escala industrial, sendo assim um pouco mais resistente que a linha de cerol, e por ser mais resistente, a procura por esse material tem crescido ultimamente. Os itens de composição da linha chilena são o pó de quartzo e alumínio. A identificação e diferenciação dos produtos é facilmente percebida quando olhamos para as linhas.
A linha com cerol aplicado tem uma coloração branca ou cinza claro, já as linhas chilenas sempre vem na forma colorida e sempre com cores fortes, como azul , rosa, verde, amarela. Como evitar acidentes Os grandes riscos de acidentes gerados pelo uso de linhas cortantes, principalmente para os motociclistas, que devido a velocidade de deslocamento ser maior, fica praticamente impossível perceber uma linha à frente, fazendo com que o nível de proteção seja ainda maior.
Portanto o uso de equipamentos como antena corta pipa ou também conhecida como antena anti-cerol, o protetor de pescoço, e o uso de outros equipamentos como luvas e jaquetas são ótimas medidas de segurança para evitar ou minimizar os acidentes. A cada 10 motociclistas que se acidentam, 8 são atingidos na região do pescoço e da face.
Outra orientação aos ciclistas, é sempre ter maior cuidado em locais como rodovias, avenidas, locais próximos a parques e praças. Apesar de todo cuidado com os pedestres, e ciclistas, as principais vítimas de linhas cortantes são os motociclistas.Lembrando que nenhum dos equipamentos vai garantir 100%, o que vai garantir é a conscientização das pessoas.
Em caso de acidente, coloque um pano limpo sobre o ferimento, fazendo uma pressão suficiente para estancar o sangramento e acione o Corpo de Bombeiros pelo número 193, ou encaminhe a pessoa para um centro médico mais próximo.
GIRO DE NOTÍCIAS / CBMMG