Home » Manutenção da Selic em 15% e IOF pressionam setor produtivo

Manutenção da Selic em 15% e IOF pressionam setor produtivo

por Barbacena em Tempo
0 Comente

Após aumentar a taxa Selic por sete reuniões seguidas, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu interromper o ciclo de alta de juros e manter a taxa básica em 15% ao ano, nesta quarta (30). A decisão, já esperada pelo mercado financeiro, foi unânime. 

Como justificativa, o Copom disse que busca ter cautela diante do cenário de maior incerteza gerado pelas medidas tarifárias impostas pelos Estados Unidos aos produtos brasileiros. O Comitê do Banco Central também afirmou que a taxa básica de juros pode voltar a ser reajustada. A taxa está no maior nível desde julho de 2006, quando atingiu 15,25% ao ano. 

Para a Confederação Nacional da Indústria (CNI), a decisão foi “insuficiente e equivocada”, e pode consolidar a desaceleração do setor, já observada ao longo do 1º semestre de 2025. Em nota, a CNI defendeu que o Copom deveria ter iniciado um processo de redução da Selic e não de manutenção. “A política monetária contracionista impõe custos desnecessários à atividade econômica e a um cenário cada vez mais adverso para a indústria”, comunicou a entidade.  

“Já tivemos o aumento do IOF sobre as operações de crédito e câmbio e a elevação das tarifas dos EUA sobre as nossas exportações. A alta do IOF sobre o crédito vai aumentar em R$ 4,9 bilhões o custo para as indústrias, enquanto as tarifas dos Estados Unidos podem causar queda na produção industrial e a perda de milhares de empregos no país. O momento pede uma política monetária mais favorável. Precisamos de menos juros e mais crescimento”, apontou o presidente da CNI, Ricardo Alban. 

De acordo com Alban, a perspectiva demanda mudança de postura do Copom, para que, a partir da próxima reunião, inicie um ciclo de cortes nos juros. “Se isso não acontecer, o quadro econômico tende a piorar, podendo consolidar uma desaceleração ainda mais intensa do que temos observado”, completou o presidente da CNI. 

Com o aumento dos juros, o crédito tem ficado mais caro para empresas e consumidores. O comunicado da CNI citou dados do Banco Central que apontam aumentos das taxas de juros médias nas concessões de crédito. Nas linhas com recursos livres, a taxa média de juros para empresas subiu de 20,6% a.a. em setembro de 2024 para 24,3% a.a em junho de 2025. Para os consumidores, a alta foi de 52,3% para 58,3% a.a. no mesmo período.

“Os juros mais altos inviabilizam diversos projetos de investimento das empresas, que são essenciais para ampliar e modernizar a estrutura produtiva do país. Também tornam cada vez mais difícil o atendimento das necessidades financeiras diárias, que demandam capital de giro. Para os consumidores, os juros elevados dificultam a compra de diversos produtos, sobretudo os de maior valor, mais dependentes de financiamento”, explicou o posicionamento da confederação.

Juros altos lideraram problemas da construção no 2º trimestre
Setores industriais, como o da construção, sentem o impacto. As taxas de juros elevadas foram o principal desafio do setor no 2º trimestre de 2025. O entrave foi citado por 37,7% dos empresários, contra 35,3% no 1º trimestre do ano, segundo Sondagem Indústria da Construção, da CNI e da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), divulgada recentemente. 

“Pelo lado da oferta, se o industrial da construção precisar tomar crédito para adquirir capital de giro e começar um novo projeto, por exemplo, ele vai ser impactado pela elevação do custo do crédito, reflete esse aumento na Selic. E de forma similar, ocorre do lado da demanda: para o consumidor adquirir um bem do setor da construção, ele precisa tomar crédito, o que também acaba sendo encarecido pela elevação das taxas de juros”, explicou a analista de Políticas e Indústria da CNI, Isabella Bianchi.

Lembrada por 30,5% dos empresários, a alta carga tributária segue como o segundo principal problema da indústria da construção. No 1º trimestre, 27,8% dos empresários haviam mencionado a questão. 

Taxa “punitiva” para a economia 
André Galhardo, economista chefe da Análise Econômica de São Paulo, considera importante que o setor produtivo se manifeste contra a taxa de juros. “Não apenas porque é uma taxa de juros punitiva para a economia brasileira, mas também porque ela tem impactado os negócios de forma ampla. A contestação do setor industrial reflete todo o entendimento do setor produtivo brasileiro. Não é apenas a indústria que passa por um processo por um encarecimento do crédito e está exposta a problemas graves com pedidos de recuperação judicial, diminuição de investimentos e afins. O varejo e as famílias também sentem o impacto de uma política monetária que é muito mais restritiva do que poderia ser neste momento”, afirmou o economista. 

Galhardo aponta dados do próprio Banco Central que mostram o endividamento das pessoas físicas no nível mais alto desde maio de 2016. Em junho de 2025, a inadimplência chegou a 4,3%. 

“Isso certamente, em alguma medida, é fruto desse aperto monetário que tem prejudicado a solvência das famílias, das pessoas físicas e das pessoas jurídicas no Brasil. A taxa Selic em 15% é motivada pelo risco inflacionário, por questões cambiais e por questões estruturais fiscais. No entanto, ela também é motivada por uma questão que poderia ser resolvida”, disse.
 

Pixel Brasil 61

você pode gostar

Somos um dos maiores portais de noticias de toda nossa região, estamos focados em levar as melhores noticias até você, para que fique sempre atualizado com os acontecimentos do momento.

categorias noticias

SAIBA QUEM SOMOS

noticias recentes

as mais lidas

O Barbacena em Tempo © Todos direitos reservados

error: Content is protected !!