O avanço do sarampo no país, com quase 700 casos registrados neste ano, assusta os mineiros. Mesmo sem confirmação da doença no Estado, a população está em busca da proteção. Na capital, houve uma corrida aos centros de saúde. Em apenas 19 dias, as vacinas aplicadas já superam em quase 50% as doses de todo o mês passado.
Exatas 9.957 pessoas foram imunizadas na metrópole desde 1º de julho. Em junho, foram 6.708, informou a Secretaria Municipal de Saúde (SMSA). Em oito postos de saúde da Capital Mineira, funcionários confirmaram a procura elevada pela tríplice viral, que protege contra sarampo, caxumba e rubéola.
Uma unidade não quis dar informações. Já a outra informou que as doses tinham acabado. Em nota, a SMSA não confirmou a escassez. Segundo a pasta, quando há “faltas pontuais”, o problema é sanado “o mais rápido possível”.
FÉRIAS
Coordenador de Doenças e Agravos Transmissíveis da Secretaria de Estado de Saúde (SES), Gilmar Rodrigues observa que as filas nos postos são registradas em várias cidades mineiras. Para ele, o momento é o mais adequado para a vacinação, uma vez as viagens de férias escolares favorecem a circulação do vírus, que é de fácil contágio.
Os primeiros casos foram relatados no Norte do país. Agora, a doença já avançou para parte do Nordeste e chegou ao Sudeste, com pacientes confirmados no Rio de Janeiro e em São Paulo. Esse cenário torna a o risco ainda maior para o território mineiro.
“Nas férias, algumas pessoas visitam áreas com surtos ao mesmo tempo em que Minas recebe um número maior de turistas. O contato de alguém infectado com um não imunizado pode inserir o vírus por aqui novamente”, afirma Gilmar Rodrigues.
A recomendação é para atualizar o cartão de vacina antes de pegar estrada. Para fazer efeito, a dose deve ser aplicada com pelo menos 15 dias de antecedência.
ESTADO DE ATENÇÃO
Apesar da crescente procura pela proteção contra o sarampo, a SES indica que mais de 5 milhões de mineiros ainda não foram imunizados. Os números preocupam. “Isso acontece porque há uma certa tranquilidade. As pessoas têm a falsa sensação de que ela não existe mais. Mas, hoje, a ameaça de contaminação é real”, reforça o coordenador.
O último registro de transmissão de sarampo no Estado foi em 1999. Já em 2013, dois mineiros que viajaram para o exterior voltaram doentes. Neste ano, 66 notificações da enfermidade recebidas pela SES foram descartadas. Ao menos outros três casos são investigados.
O infectologista Marcelo Simão Ferreira alerta que o sarampo não afeta apenas crianças. “É uma enfermidade grave que, em alguns casos, mata. Também pode haver infecção no sistema nervoso central ou pneumonia, por exemplo”, diz. O perigo do contágio é maior no inverno, frisou o especialista. Segundo ele, as pessoas tendem a ficar em ambientes fechados nesta época.