Seis detentos atuam na manutenção do prédio de veterinária e na fazenda do Centro Universitário de Itajubá.
Uma parceria com o Centro Universitário de Itajubá tem transformado a rotina de seis internos que cumprem pena no presídio local, situado na região sul do Estado. É em um ambiente acadêmico que os detentos estão tendo a chance de reconstruir as suas vidas e, diariamente, ganhado a oportunidade de aprender tanto com os alunos, quanto com os professores que frequentam o Hospital Veterinário e a fazenda da instituição de ensino.
Os presos estão realizando atividades de manutenção e pintura predial, além de trabalharem na fazenda da faculdade com ordenha, produção de cercas, entre outros serviços. O Centro Universitário já era parceiro da unidade prisional de longa data. O presídio já recebeu doações de computadores, móveis e demais equipamentos para a escola instalada dentro da unidade e, agora, são os internos que contribuem com a instituição de ensino, ofertando mão de obra para as atividades da veterinária.
Renato da Silva, de 29 anos, foi um dos escolhidos para trabalhar na parceria. Segundo ele, poder sair da unidade e estar num lugar tão diferente da sua rotina mudou sua perspectiva de vida. “Aqui eu estou no meio de outras pessoas e me sinto sendo ressocializado. Eu quero sair e dar continuidade a esta rotina: trabalhar e estudar. Tenho a intenção de fazer um curso profissionalizante de eletricista”.
Segundo Renato, a parceria foi uma porta que se abriu para que ele pudesse enxergar que pode conquistar muitas coisas por meio do trabalho. “As pessoas nos vêm com outros olhos quando estamos trabalhando. Por mais que tenhamos errado na vida, ganhamos uma nova chance e temos que agarrar firme e seguir em frente”, finalizou o interno.
Para o diretor de Atendimento da unidade prisional, Leandro Rodrigues, a parceria beneficia a todos. Ele ressalta a importância da aceitação da Fundação de Ensino e Pesquisa de Itajubá (Fepi), mantenedora do centro universitário, em receber os internos e em entender a relevância de se empregar mão de obra prisional, já que, para ele, a relação próxima com a população carcerária contribui para a quebra do preconceito que ainda existe na sociedade.
“Logo esses alunos que estão convivendo com os internos estarão trabalhando em hospitais, prefeituras, empresas, e terão outra visão sobre a ressocialização. Serão, possivelmente, multiplicadores dessa iniciativa”, concluiu.
Pelo o trabalho executado os presos recebem ¾ do salário mínimo e remição de pena, em que a cada três dias trabalhados, um é diminuído da pena. A seleção dos detentos é feita pela Comissão Técnica de Classificação (CTC) do presídio, equipe composta por servidores da segurança, serviço social, saúde, direção, psicologia, produção, jurídico, e inteligência. Esses profissionais avaliam o comportamento e outros temas relativos ao cumprimento da pena.
Trabalho voltado para a comunidade local
O Presídio de Itajubá possui 14 parcerias de trabalho, sendo 11 oficinas internas e três externas. São 180 presos executando diversos serviços, seja em prol da unidade ou de parceiros privados, prefeituras e da comunidade. No início deste ano o presídio foi reconhecido como unidade-escola. O reconhecimento tem como intuito replicar para outras unidades prisionais de Minas Gerais os conhecimentos e processos das áreas de ensino, trabalho, saúde, assistência religiosa e familiar, realizados no local.
Por : Fernanda de Paula
GIRO DE NOTÍCIAS / Ascom/Sejusp