Home » Aumento dos casos de Sífilis reforça a importância do tratamento pelo SUS

Aumento dos casos de Sífilis reforça a importância do tratamento pelo SUS

por Barbacena em Tempo
0 Comente

Os casos de sífilis adquirida (em adultos) tiveram aumento de 27,9% de 2015 para 2016 no Brasil. Os dados são do boletim epidemiológico de 2017, divulgados recentemente pelo Ministério da Saúde. Entre as gestantes, o crescimento dos casos foi de 14,7%. As infecções por sífilis congênita (transmitida da mãe para o bebê) subiram 4,7%.

De acordo com os dados apresentados, as causas para o aumento da doença são o desabastecimento de penicilina (medicamento mais eficaz contra a doença) e o aumento dos diagnósticos, com a distribuição de testes rápidos na rede de saúde. Dessa maneira, a tendência é de, com o aumento da testagem, aumentar os casos identificados e permitir ao sistema de saúde tratar essas pessoas e diminuir a transmissão de mãe para filho.

Apesar de essencial para o controle da transmissão vertical da sífilis, a penicilina benzatina apresenta, desde 2014, um quadro de desabastecimento em diversos países devido à falta de matéria-prima para a produção. Segundo o Ministério da Saúde, apesar de a responsabilidade pela compra do medicamento ser de estados e municípios, em 2016, o governo brasileiro concentrou a aquisição em caráter emergencial para o tratamento de grávidas e seus parceiros.

Ainda, o Ministério da Saúde afirma que também aumentou o valor máximo de compra do medicamento, que antes era inferior ao custo de produção. Com isso, o problema do abastecimento foi resolvido, inclusive com produção nacional.

Sífilis congênita

Todos os tipos de sífilis são de notificação obrigatória no país há pelo menos cinco anos. Entre 2010 e 2016, a taxa de incidência de sífilis congênita e a taxa de detecção de sífilis em gestantes aumentaram cerca de três vezes, passando, respectivamente, de 2,4 para 6,8 por mil nascidos vivos e de 3,5 para 12,4 casos por cada mil nascidos vivos. A sífilis adquirida, que teve sua notificação compulsória implantada em 2010, teve sua taxa de detecção aumentada de 2 para 42,5 casos por 100 mil habitantes.

Para a diretora do Departamento de Vigilância, Prevenção e Controle das Doenças Sexualmente Transmissíveis, do HIV/Aids e das Hepatites Virais, Adele Benzaken, o aumento nos índices significa uma melhora na identificação da doença. “Essa questão de aumento quer dizer que a cobertura da testagem está aumentando, estamos conseguindo chamar os parceiros das gestantes. Se estamos testando as pessoas, estamos tratando as gestantes e evitando a sífilis congênita”, declarou.

O novo boletim aponta que 37% das mulheres grávidas com sífilis conseguiram realizar o diagnóstico precocemente. A identificação ainda no primeiro trimestre da gestação e o tratamento adequado impedem a transmissão da doença da mãe para o bebê. Entretanto, segundo Adele, muitas mulheres iniciam o pré-natal tardiamente, então há um prejuízo nesse diagnóstico.

Para alcançar a meta de eliminação da mortalidade por sífilis congênita estabelecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil deve reduzir da taxa atual de 6,8 por mil nascidos vivos para um índice menor ou igual a 0,5 por mil. “Isso é possível em um curto prazo, porque a sífilis é facilmente detectada e facilmente tratada. Tendo o teste rápido e tendo a penicilina, é possível alcançar a eliminação”, disse Adele.

Segundo o boletim epidemiológico, apenas os estados de Pernambuco, Tocantins, Ceará, Sergipe, Piauí e Rio Grande do Norte apresentam taxas de incidência de sífilis congênita mais elevadas que as taxas de detecção da doença em gestantes, o que remete a possíveis deficiências no diagnóstico precoce e notificação equivocada dos casos de grávidas.

Diagnóstico

Para acesso ao diagnóstico de sífilis, o usuário do Sistema Único de Saúde (SUS) deve ser orientado a procurar uma UBS para a realização de exames de sangue (VDRL), do teste rápido, e raspado nas lesões típicas na pele e mucosas disseminadas quando presentes. Casos de exames não reagentes para a doença e histórico de exposição à sífilis, recomenda-se a realização de uma nova testagem após 30 dias, devido ao período de janela imunológica.

O processo de implantação do teste rápido de sífilis na Atenção Básica, teve início no ano de 2016, com objetivo de ampliar o acesso da população ao diagnóstico da doença. Atualmente, em Minas Gerais, das 5.450 Unidades Básicas de Saúde existentes, 1.180 realizam o teste rápido. Especificamente para a gestante, a detecção precoce da sífilis é essencial para evitar a transmissão vertical e consequentes malformações no feto. Se não tratada a tempo, a sífilis pode comprometer o sistema nervoso central, o sistema cardiovascular, além de órgãos como olhos, pele e ossos.

Tratamento da doença

A penicilina é considerada o medicamento eficaz para tratamento da sífilis, em qualquer fase da doença e está disponível à população nas Unidades Básicas de Saúde. De acordo com a coordenadora de Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST/AIDS) e Hepatites Virais da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais, Jordana Costa Lima, a penicilina é uma medicação segura, sendo a única que atravessa a placenta e chega ao bebê. “A doença tem cura, mas pode vir a reincidir, caso a pessoa tenha um novo contato com a bactéria, através de contato sexual sem preservativo. Por isso a importância do casal realizar os exames para diagnóstico e, em caso de resultado positivo, ambos realizarem o tratamento”, explicou Jordana.

Atualmente, os enfermeiros das Unidades Básicas de Saúde, sob protocolo, poderão prescrever a penicilina. Isso garante que a gestante, quando chega à Atenção Primária para realizar o pré-natal, seja atendida por um profissional de enfermagem, que irá realizar o teste rápido. Quando identificada a doença na gestante, o tratamento é imediatamente iniciado juntamente com as parcerias sexuais.

você pode gostar

Somos um dos maiores portais de noticias de toda nossa região, estamos focados em levar as melhores noticias até você, para que fique sempre atualizado com os acontecimentos do momento.

categorias noticias

SAIBA QUEM SOMOS

noticias recentes

as mais lidas

O Barbacena em Tempo © Todos direitos reservados