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Gasto Brasil escancara gasto público acima de R$ 3,5 trilhões — Previdência já passa de R$ 988 bilhões

por Barbacena em Tempo
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Na vitrine de uma grande cidade, um painel eletrônico marca números que avançam sem parar. Não é dólar, nem índice da Bolsa. É o relógio do gasto público brasileiro: a cada segundo, a conta das despesas da União, dos estados, dos municípios e do Distrito Federal só aumenta.

O Gasto Brasil, ferramenta criada pela Confederação das Associações Comerciais e Empresariais do Brasil (CACB) em parceria com a Associação Comercial de São Paulo (ACSP), traduz em tempo real essa escalada, que já soma cifras trilionárias. O valor ultrapassou os R$ 3,5 trilhões, no começo de setembro, sendo R$ 988 bilhões apenas em Previdência Social — item que sozinho consome quase um terço do orçamento.

Para André Amaral, presidente da Associação Comercial da Paraíba, a força da plataforma está em transformar estatísticas complexas em algo palpável para a sociedade.

“É uma iniciativa muito importante, onde as pessoas podem, de fato, visualizar. Muitas vezes, quando olhamos pesquisas e números, fica muito difícil, para quem é leigo e está na ponta da sociedade, entender onde está sendo gasto e como está sendo gasto.”

O dirigente lembra ainda que os números projetados em tempo real têm o poder de provocar reflexão e cobrança. “Mensurar dinheiro é muito difícil, principalmente no momento em que vivemos, em que as pessoas quase não têm mais acesso ao dinheiro físico. Mas aquele painel, com aquela quantidade de números, gera um impacto. Isso provoca um sentimento de cidadania e de cobrança muito grande no coração de cada cidadão.”

O alerta dos economistas

Mais do que números, o Gasto Brasil expõe o debate sobre o futuro da economia brasileira. Para o economista Allan Gallo, professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie, enquanto o governo não encarar de frente a questão fiscal, o Banco Central seguirá de mãos atadas.

“O problema, enquanto o governo se recusar a enfrentar a questão do rombo fiscal e preferir ficar relativizando as estatísticas que o próprio governo divulga, o Banco Central vai continuar sem espaço para cortar juros de forma consistente”, avalia Gallo.

E os juros altos, na opinião de Alfredo Cotait, presidente da CACB, são justamente o entrave para o crescimento do país. “Há um desequilíbrio. Se gastássemos apenas o que arrecadamos, não teríamos inflação e a taxa de juros seria 2,33%. Assim como o Impostômetro foi um processo educativo, o Gasto Brasil também é mais um processo educativo para mostrar à sociedade que ela precisa participar e se manifestar. Nós estamos deixando uma conta muito cara para o futuro”, declara Cotait.    

Opinião compartilhada pelo professor Allan Gallo. “Sem reforma, sem credibilidade fiscal e com juros altos que acabam corroendo o investimento produtivo, o Brasil vai continuar preso nesse ciclo de mediocridade que não acaba”, define.

Estado necessário

Ao lado das críticas técnicas, André Amaral acrescenta uma reflexão política. “Na Paraíba, a Associação Comercial não defende nem o Estado máximo, nem o Estado mínimo. Defende o Estado necessário. E justamente na construção desse Estado necessário, o governo precisa arrecadar. Mas a gente também precisa saber quanto está arrecadando, por que está arrecadando, de quem está arrecadando e como esse dinheiro está sendo gasto.”

Enquanto isso, o Gasto Brasil segue marcando. Um lembrete constante de que, sem ajustes estruturais, o tempo corre e a conta só cresce.
 

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